Há uma confusão de papéis que está (desde há vários anos) a minar o processo de ensino: o papel dos pais. Quando alguém refere que os pais devem "participar no processo educativo", está na verdade a dizer "ensinem os vossos filhos a serem pessoas, que os professores providenciarão outras competências. O que está a acontecer, na prática, é que grupos de pessoas que não têm mais nada que fazer passaram a entrar nas escolas, a pôr e dispôr e infernizar o já duro trabalho dos professores, com o consentimento apático, quando não a aprovação do Ministério da Educação. Casos aberrantes, como de pais que metem processos a professores que, detectando deficiências mentais, óbvias, em alunos, os tentam colocar em aulas com apoio acontecem. O problema é quando, por exemplo, no interior, um pai toma o reconhecimento da deficiência como um "fracasso" seu e age vingativamente contra o mensageiro.
Outros casos são mais simples e têm a ver com comportamentos marginais no interior dos recintos. Professores assistem à formação de gangs de adolescentes ociosos e desresponsabilizidados sem que possam fazer nada.
As associações de pais, são um lóbi crescente que serve os interesses dos vários governos. Basta olhar para o Orçamento de Estado para se ter uma noção da fatia que a Educação toma. Cortar na verba dispendida com os professores (era interessante analisar a percentagem gasta com funcionários do ministério de pessoal administrativo e de não-limpeza/não-guarda de putos das escolas...), aproveitando ainda para se vingar de uma classe que os chateou lá atrás, psicanaliticamente falando, é ouro sobre azul. Nunca ouço grupos de pais a dizerem que se estão a organizar para "ir trabalhar nas actividades extra-curriculares", por exemplo. Seria interessante, já que se empenham tanto...
Estamos a criar uma nação de iletrados, inúteis e marginais. E enfiar pais que não educam em casa mas que sabem imiscuir-se ignorantemente nas escolas, não vai ajudar.

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